4 de setembro de 2024

Desafio de Aristóteles

Qualquer um pode zangar-se — isso é fácil. Mas

zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na

hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa —

não é fácil.

Aristóteles,

Ética a Nicômaco

 

Às vezes, nos vemos repentinamente envolvidos por emoções intensas, como tristeza, raiva ou medo, sem entender exatamente o motivo. Isso pode ser resultado dos chamados gatilhos emocionais, que são estímulos que ativam nossas emoções de maneira automática e muitas vezes inconsciente. Vamos explorar algumas formas comuns de gatilhos emocionais:

Tudo parecia perfeito, até que, de repente… BUM! Você está vivenciando um dia maravilhoso, cheio de felicidade, relaxamento e energia. E então, do nada, uma palavra, um cheiro, ou uma imagem qualquer surge e… TUDO MUDA! Você se vê inundado por tristeza, ansiedade, ou irritação – como um furacão emocional que te atinge sem aviso prévio. Mas o que aconteceu, afinal?

A resposta pode residir nos gatilhos emocionais. Eles são como interruptores que ligam e desligam nossas emoções, às vezes de forma abrupta. Esses gatilhos podem ser positivos, como quando você se lembra de um momento feliz e um sorriso se desenha em seu rosto. Ou podem ser negativos, como um som que traz à tona um trauma do passado.

 Eles têm o poder de influenciar nosso humor, pensamentos, comportamentos e até mesmo nossa saúde física. E não há distinção de gênero ou idade – todos, desde crianças até idosos, podem experimentá-los.

Mas não entre em pânico! É possível aprender a identificar, entender e lidar com esses gatilhos.

 O que são gatilhos emocionais? Imagine estar no mercado e, de repente, ser envolvido pelo cheirinho de pão fresco. Mesmo sem planejar, você sente aquela vontade irresistível de comprar um pão. Esse cheiro é um exemplo de um gatilho mental. Os gatilhos são como atalhos que nosso cérebro utiliza para facilitar nossas decisões, evitando a fadiga causada pelo excesso de escolhas.

É como se o cérebro dissesse: “Eu sei o que você vai fazer, então vou escolher por você”.

Esses gatilhos podem ser tanto intencionais, quando alguém quer influenciar nossas decisões, quanto acidentais, surgindo de forma involuntária. Eles são amplamente utilizados em diversas áreas, como marketing e vendas, para influenciar o comportamento humano.

A ideia dos gatilhos mentais não é nova – ela remonta a princípios psicológicos que existem há séculos. Por exemplo, o gatilho mental de escassez já era utilizado na Grécia antiga, quando os mercadores anunciavam que um produto estaria disponível por tempo limitado para aumentar as vendas.

 Tipos de gatilhos emocionais. Veja exemplos: No meio da correria do dia a dia, muitas vezes nos sentimos como se estivéssemos sendo controlados por forças invisíveis – são os gatilhos emocionais, como botões escondidos que disparam reações automáticas dentro de nós. Esses gatilhos podem ser bons, como uma música que nos faz dançar de alegria, ou ruins, como um tom de voz que nos faz reviver uma briga passada.

Para compreender como os gatilhos funcionam, precisamos explorar a mente humana. Nosso cérebro, em sua busca pela eficiência, cria atalhos mentais, associando eventos a emoções. Assim, quando nos deparamos com algo semelhante a uma situação passada, nosso cérebro dispara automaticamente a mesma resposta emocional.

A chave para lidar com os gatilhos está em identificá-los. Isso requer atenção às nossas reações em diferentes situações e às emoções que surgem repentinamente e com intensidade.

Gatilhos emocionais nos relacionamentos: Esses são eventos ou situações que desencadeiam sentimentos, bons ou ruins, baseados em nossas experiências passadas com outras pessoas. Alguns exemplos são: – **Tom de voz ríspido:** pode fazer com que nos sintamos atacados, especialmente se tivermos passado por traumas relacionados a esse tipo de emoção. – **Elogios:** mesmo algo tão positivo pode desencadear emoções negativas, especialmente se tivermos baixa autoestima.

 Gatilhos emocionais de rejeição: Estes estão relacionados a situações que evocam tristeza, raiva, medo ou insegurança devido a experiências passadas de rejeição. Exemplos incluem: – **Críticas:** podem nos fazer sentir inadequados ou incapazes de melhorar. – **Término de relacionamentos:** podem desencadear sentimentos de tristeza, solidão e até mesmo raiva.

 Gatilhos mentais negativos: São estímulos que provocam emoções como tristeza, raiva, medo, geralmente relacionadas a traumas ou experiências negativas do passado. Exemplos incluem: – **Barulho:** pode desencadear sentimentos de irritação ou estresse. – **Notícias ruins:** podem nos deixar preocupados e ansiosos em relação ao futuro.

Outros gatilhos comuns : **Luto:** datas como aniversários podem ser difíceis quando estamos lidando com a perda de alguém querido. – **Estresse:** pressões no trabalho ou em casa podem desencadear crises de estresse ou pânico.

 Conclusão:  Os gatilhos emocionais são uma parte intrínseca da experiência humana, influenciando nossas emoções e comportamentos de maneiras complexas. Entender esses gatilhos e aprender a lidar com eles é essencial para promover o bem-estar emocional e a saúde mental. Se você se encontra lutando com seus próprios gatilhos emocionais, lembre-se de que você não está sozinho. Buscar ajuda profissional, como terapia, pode ser um passo importante para aprender a reconhecer, entender e controlar seus gatilhos emocionais, permitindo uma vida mais equilibrada e gratificante.

 

 

Autora: Margarete Volpi

Psicoterapeuta Sistêmica

Referências Bibliográficas

  1. LeDoux, J. E. (2015). O Cérebro Emocional: Os Misteriosos Alicerces da Vida Emocional. Editora Objetiva.

  2. Goleman, D. (2007). Inteligência Emocional: A Teoria Revolucionária que Redefine o que é Ser Inteligente. Editora Objetiva.

  3. Lipp, M. E. N. (2016). O Stress e a Emoção. Casa do Psicólogo.

  4. Siegel, D. J. (2012). O Cérebro da Criança: 12 Estratégias Revolucionárias para Cultivar a Mente em Desenvolvimento do seu Filho. Editora Vergara & Riba.

  5. Nogueira, M. A. (2019). Gatilhos Emocionais: Como Identificar e Lidar com as Emoções que Sabotam o Bem-Estar. Editora Sinopsys.